O fundador da Invillia, Renato Bolzan, conversou com o podcast “Carreira sem Fronteiras” sobre nosso DNA de inovação, a cultura, a internacionalização, a mudança para Lisboa. E como o Global Growth Framework conecta isso tudo 🙂
Data + People + Action = Invillia
Entenda o poder do Global Growth Framework_ game-changer to game-changer, innovation to innovation_
Confira a entrevista completa_
E a transcrição das principais perguntas_
Olá, eu sou o Gabs Serreira e esse é o Carreira sem Fronteiras. Tudo pronto para a aventura de hoje? A gente vai conversar com uma pessoa do interior de São Paulo que quando se formou acabou vindo trabalhar na capital mas já com um plano de negócios. Ele queria colocar uma empresa que ele tinha na cabeça em operação, tinha muitas ideias e a certeza que ia dar certo. A Invillia é hoje uma empresa com mais de 900 colaboradores e faz um trabalho bem legal na área de tecnologia. Durante o processo, a empresa cresceu bastante e inclusive foi atacar outros mercados na Europa, que foi quando surgiu a oportunidade de ele se mudar para Portugal. Vamos ver então o que tem para contar para a gente. E para essa conversa de hoje como sempre estamos aqui com o nosso viajante poliglota Fabrício Carraro a bater um papo com o Renato.
Renato conta para os nossos ouvintes quem é você e o que te levou a Portugal.
A minha história acho que não é muito diferente de boa parte do pessoal ligado à área de tecnologia. Eu sou Paulista, sou do interior, de Araraquara, e eu estudei Ciência da Computação na Universidade Federal de São Carlos. Durante a minha graduação sempre tive vontade de empreender, de construir alguma coisa, de mudar alguma coisa que eu via que estava acontecendo no mundo. E tentei fazer mil coisas durante esse período. Tive um professor que marcou muito essa parte da minha graduação. A gente tinha uma disciplina chamada Empreendedores na Informática, na época, isso foi em 1996, e esse professor ministrava essa disciplina e trazia sempre ex-alunos e pessoas ligadas à universidade que foram empreender. Tinha cada história fantástica. Via aquilo e dizia que um dia queria fazer igual ao que eles estavam fazendo. E fiquei com isso. Estava terminando a graduação e precisava ter um estágio obrigatório para concluir o curso. Como muita gente naquela época, não tinha tanta oportunidade no interior e acabei indo para São Paulo mas com aquela vontade de um dia tirar o plano de negócios da gaveta e começar uma empresa. Fui para São Paulo, fiz o estágio, convidei alguns amigos para empreender comigo, eles tinham muito mais juízo que eu e disseram não. Eu também não tinha escolha, não tinha dinheiro, não tinha experiência, não tinha relacionamentos e pensei ficar em São Paulo e focar na carreira. Aí eu consegui conhecer muita gente interessante. Peguei o momento de início da Internet no Brasil e fui trabalhar nalgumas operações que eram naquela época super diferentes para o contexto do mercado de tecnologia, que eram as operações de Internet. Fui trabalhar em home broker que na altura ninguém entendia o que era, em empresas de mídia e fiz minha carreira dentro desse universo de Internet. Vivi com o estouro da bolha, da Internet, daqueles momentos fatídicos que mudaram a história dos negócios. Em 2003 eu resolvi tirar de verdade o plano de negócios da gaveta e fui empreender. Foi quando eu fundei a minha primeira companhia que hoje é a Invillia. Que fundei muito na cara e na coragem, sem dinheiro, sem experiência, começámos o negócio como muitas empresas de tecnologia começaram naquele momento. A famosa fábrica de software. A gente conseguiu crescer, ganhar alguma relevância dentro desse mercado de Internet, que na época era muito fechado. Era difícil encontrar qualquer fornecedor que tivesse as habilidades técnicas para lidar com aquele universo. E pelo meu background e pelo histórico, eu tinha e foquei o negócio exatamente nisso, no que hoje a gente chama de digital. A Invillia nasceu lá atrás disso. Teve várias coisas durante esse meio, teve operações de fusão e aquisição. E 18 anos depois existe a Invillia, que é uma empresa que hoje tem 900 colaboradores espalhados em 9 países, uma empresa totalmente focada no mundo digital e de inovação, por esse meu DNA lá de trás e que vem crescendo muito fortemente nos últimos anos e ganhando muita relevância dentro do cenário de inovação de clientes bem importantes no Brasil. De um jeito resumido é um pouco essa a minha história.
E em que momento da evolução você decidiu sair do país e porquê?
Em 2017 a gente começou a exportar, foi a primeira experiência que a gente teve exportando serviços para a Europa, o primeiro país que a gente exportou foi Holanda. E fizemos aquilo como ensaio, como MVP para ver se esse negócio voa mesmo. Mas ninguém apostava muito, porque tinha muitas diferenças culturais, tinha a língua, a estrutura da empresa como um todo não estava muito preparada para aquilo, mas como todo o bom empreendedor brasileiro a gente não desiste nunca, tem aquela coragem, vai para cima e faz acontecer. E foi o que aconteceu. Esse cliente na Holanda experimentou, gostou, a gente fez até uma coisa, como todo o bom europeu ele é super criterioso para fazer qualquer coisa e sempre muito cheio de receios, a gente deu para ele um período para experimentar o serviço da empresa a pagar zero, nem precisava de justificar se não quisesse. E foi muito bem, ele gostou, acabou ampliando bastante o trabalho e pelo ano de 2018 eu acabei fazendo um investimento numa empresa em Portugal, de sead Money. Essa empresa foi fundada por um antigo chefe meu da minha época lá de trás, de desenvolvedor. A gente se reencontrou, ele conheceu um pouco mais da Invillia, já morava na Europa há bastante tempo também, tinha uma posição de destaque numa dessas techs gigantes e falou que nós temos um nível de entrega muito bom, por que não tentar pensar além do Brasil, internacionalizar a empresa. E aí a gente já tinha esse case da Holanda, que já dava alguma credencial, e juntou com essa visão dele já um pouco mais global de como era o universo fora do Brasil e resolvemos fazer a internacionalização da companhia e começar pela Europa. Um caminho um pouco diferente da maioria, que começa pelos EUA e depois expande para a Europa e Ásia. A gente resolveu pegar o caminho da Europa, que eu acho foi sensacional porque ensinou muita para a gente, está ensinando muito, e vai deixar a gente super preparados para o próximo voo que deve ser EUA agora em breve.
Como foi para você esse processo de mudança para Portugal?
Eu já tinha vindo algumas vezes para o Web Summit, mas conhecia quase nada. Qual é o grande desafio de uma empresa como a nossa, que é uma empresa que não tem um investidor, um fundo que dá um suporte, uma estrutura para você dar um passo desses? O grande desafio numa empresa desse tipo é você conseguir mover a cultura dela para os outros lugares. E aí eu tentei vir para cá, recrutar um time que pudesse replicar um pouco essa cultura, trouxe engenheiros do Brasil que também fariam essa replicação, mas eu percebi que ainda faltavam algumas coisas que a gente prezava bastante. E aí fiz uma proposta para a minha família, muito em cima da hora, que era mudar, ficar um ano em Portugal, até fazer a integração desse time e depois a gente voltava. Todo o mundo topou, minha esposa também adora essas aventuras e meus filhos são novos e permitiu que a gente fizesse isso rápido. A gente veio para cá, todo o mundo se adaptou, gostou muito e cá estamos há quase 3 anos.
Você comentou que no início quando estavam montando a empresa, tentaram “copiar” a cultura que vocês já tinham, e foi tranquilo para fazer isso com novas pessoas de lugares diferentes?
Não é tranquilo, é uma coisa que você vai tendo que adaptar. Puxando a sardinha para o nosso lado, eu digo que não tem um povo para trabalhar igual ao brasileiro. Eu sempre uso esse exemplo. Existe o filho de pai rico e o filho de pai pobre. Eu acho que a gente, brasileiro, é filho de pai pobre e o seu amanhã você tem que fazer hoje, não esperar que alguém faça acontecer. Parece uma coisa tão simples porque a gente está acostumado, mas culturalmente é uma grande diferença. O europeu, nesse mesmo exemplo simplório que estou dando, é um pouco filho de pai rico, então ele não tem que fazer o amanhã. O amanhã está feito. Ele precisa viver o hoje, e isso tem um grande reflexo quando você fala de cultura de empresa, quando você fala como trabalha. O brasileiro é muito mais aberto às coisas, topa muito mais ser o early adopter de coisas novas do que o europeu. O brasileiro é muito menos burocrático, vamos chamar assim, do que o europeu. E isso tem o lado bom e o lado ruim. Quando você faz o roll-out da cultura da empresa é muito diferente. Você tem que olhar isso. E hoje temos gente em 9 países. Além de Portugal, Holanda, Inglaterra, Moçambique, Argentina, Paraguai, Chile, Polónia, Bélgica e México. Nessas regiões, normalmente a gente tem ou pessoas locais ou brasileiros que se mudaram para lá e que querem continuar com alguma conexão com uma empresa brasileira. É bem diferente, você tem que ir reconstruindo isso o tempo inteiro. E como a gente também é uma empresa totalmente distribuída e essas pessoas todas, quase 900 pessoas que estamos falando aqui, elas estão em mais de 150 cidades diferentes. Gerir essa máquina inteira e fazer ela funcionar é uma missão bem complexa. A gente tem um time muito bom que cuida de vários aspetos disso mas é um desafio diário, cada dia a gente aprende coisas novas, a gente descobre desafios novos, a gente avança em coisas que achava que não podia fazer e é isso que acaba movendo a Invillia. O melhor nesse mundo que a gente vive, nesse mercado de tecnologia e que se reinventa a todo o momento é você equilibrar essas coisas. Como construir uma cultura de uma empresa que serve para um europeu que é mais burocrático e ao mesmo tempo servir para um brasileiro que é mais informal. Alguém que é mais disciplinado e alguém que é menos disciplinado. Essas coisas todas são desafios imensos para a gestão de pessoas que a gente vivencia todo o dia.
Como é que vocês fazem para conciliar isso de ter uma cultura própria interna e ter que se adaptar a cada empresa que você vai. Porque cada empresa imagino que tenha uma cultura muito diferente.
Isso é um ponto importantíssimo e acho que é uma das coisas que é responsável pelo sucesso que a Invillia vem tendo. A gente construiu uma coisa que se chama Global Growth Framework. Esse Global Growth Framework, a gente chama de um framework, mas para quem não entende o que é bem essa palavra, imagina o seguinte, ele é uma caixa de ferramentas com um monte de coisas técnicas, de gestão, de processos, de métodos de se fazer as coisas. E a gente acaba usando uma versão customizada dessa caixa de ferramentas para cada tipo de cliente. Sempre respeitando o seguinte: o cliente tem a sua cultura própria, tem a sua maneira de fazer e a Invillia não pode ser um corpo estranho a isso, mas ela também não pode ser alguém que diga olha eu estou aqui para fazer o que você quiser que eu faça porque a gente trabalha dentro dessas cadeias de inovação e uma das coisas que se tem dentro dessas cadeias são as provocações, a vontade de mudar aquilo que pode ficar melhor. E a gente sempre tenta ganhar a confiança desses clientes para atuar exatamente nisso. Então a gente tenta deixar o nosso framework, a nossa caixa de ferramentas à disposição do cliente e mostra para ele tudo o que a gente usa, como a gente usa com cada um, faz esse setup inicial com ele e vai combinando ajustes ao longo do processo. E esses justes vão mudando, tem hora que a gente usa mais coisas que a gente tem lá dentro e outras menos, e isso vai dependendo do espaço que a gente vai conquistando e o quão aberto o cliente está para você interagir em níveis maiores. Uma coisa que a gente sempre faz, e isso é parte da cultura também, é ter muita humildade. De chegar lá em alguma coisa que a gente vai participar e nunca chegar com olha eu sei como é que faz, eu tenho a fórmula do sucesso aqui, vem comigo que você vai ser feliz. Não existe isso dentro da Invillia. Os clientes que a gente serve são cliente ultra qualificados, têm níveis diferentes de maturidade quando a gente fala de desenvolver produto, de desenvolver software, de como tratar isso junto com as áreas de negócio. São diferentes níveis de maturidade que a gente acaba tratando nessas customizações do nosso Global Growth Framework.
Muito obrigado pela sua participação e pelo seu tempo, faz a sua divulgação agora para terminar.
O podcast de vocês é muito bom e tem muitas histórias bacanas de gente de tecnologia. A Invillia está com 101 vagas abertas na área de tecnologia, precisando de muitos engenheiros, gente de produto, UX, gente de qualidade, para trabalhar de qualquer lugar do planeta. E a gente olha para isso como uma máquina de desenvolver gente. A Invillia na verdade se tornou numa grande máquina de desenvolver gente. Quem quer desenvolver uma carreira fantástica, de ter oportunidade de trabalhar em vários projetos mega interessantes e ficar vivendo o dia a dia de uma empresa super inquieta uma dessas vagas vai encaixar para o pessoal que ouve o podcast. É só ir no website https://invillia.com/jobs e dar uma conferida nas oportunidades que a gente tem abertas.