“Inovação como chave para sustentar um negócio. Na teoria parece fácil, mas na prática nem sempre é assim. Foi dessa base teórica que surgiu em 2003 a Invillia. Quase 20 anos depois do conceito, a gente percebe que funcionou na prática. Hoje a empresa tem mais de 750 funcionários espalhados por 7 países do mundo. E na América do Sul atende clientes como Mastercard, Quinto Andar, iFood, Gympass e Via Varejo.” Foi assim que começou o Almoço de Negócios da TC Rádio com Renato Bolzan, que lidera a empresa a partir de Lisboa.
Confira o bate-papo com o mercado financeiro em que nosso CEO coloca no centro da mesa suas ideias sobre inovação, talentos, game-changers. E o futuro. Do mercado e da Invillia_
Renato queria começar a nossa conversa detalhando para o nosso ouvinte como funciona o trabalho da Invillia. Aproveito também para perguntar quantos clientes a companhia atende atualmente.
O trabalho da Invillia se concentra basicamente na cadeia de inovação dos clientes. O que é que a gente entrega de fato? Nós entregamos uma capacidade de trabalho que ajuda eles a construir essas inovações. A gente está falando de empresas dos mais variados segmentos da economia e de empresas que estão transformando os mercados onde atuam. Essa é basicamente a missão da Invillia hoje e a gente faz isso com mestria para um rol de 50 clientes.
Como funciona a captação desses clientes?
A gente atua na inovação, mas tem coisas que à moda antiga sempre funcionam melhor e são o jeito mais gostoso de fazer. Boa parte dos novos clientes e do crescimento da Invillia acaba vindo por indicações de clientes atuais. E aí sim, tem outras campanhas, outras ferramentas de marketing que são usadas. Bem como networking dentro desse ecossistema de inovação.
Algumas dessas empresas são verdadeiros gigantes do mercado. Qual é o percentual de fidelização desses clientes?
Eles são gigantes, sim. Eles estão numa metamorfose constante, isso é super bom. E veem um jeito de beber um pouco de água diferente. Isso cria uma sinergia entre a Invillia e o cliente que se vai retroalimentando e ficando por muito tempo. A gente tem orgulho em dizer que a empresa tem quase 20 anos e tem clientes já dessa idade dentro da empresa, desde o início basicamente. Sempre são contratos longos. A fidelização vai-se dando pelo desenrolar do trabalho e à medida que vão entendendo que contribuímos para aquilo que estão gerando em termos de inovação, de novos negócios, de atingimento de metas.
A Invillia está ganhando o mercado global. A expansão começou por Portugal, avançou por outros países, Reino Unido, Holanda e México por exemplo. Gostaria de saber quais os próximos passos da companhia nesse sentido.
A gente iniciou um processo de internacionalização no final de 2018. Estamos fortalecendo a internacionalização na Europa com bastante sucesso. Daqui já exportamos para vários países como a Inglaterra, Holanda e EUA. O próximo passo é essa consolidação na Europa, já mirando uma operação nos EUA, provavelmente em 2022.
Inovação, a gente sempre tenta pensar em algo diferente, criativo, e a pandemia covid-19 impulsionou a digitalização nos mais diferentes segmentos. Empresas de todas as áreas tiveram que se adaptar para uma nova realidade e passaram a vender seus produtos online. Como inovar em um cenário no qual todo o mundo está sendo obrigado a ir para o mesmo lado?
Todo o mundo quando se fala de inovação acha que é alguma coisa que ninguém nunca inventou. Eu coloco que inovação não é tudo isso. É você recriar aquele seu negócio, aquela sua forma de fazer algo de uma maneira que vai estar mais adaptada ao mercado, que vai estar um mais em linha com aquilo que o seu cliente está olhando. Antigamente muitas empresas diziam que X porcento do faturamento global era destinado a áreas de Pesquisa & Desenvolvimento, a inovação. Hoje não dá para pensar assim. A gente viu também empresas criando áreas de inovação. A inovação não é algo desassociado, que anda ao lado do negócio e que amanhã alguém vai ter uma grande ideia ou mudar o jogo. Na verdade, a inovação é o dia a dia daquele time que já está trabalhando, que conhece muito do negócio, que pesquisa muito o mercado, que vê muito a concorrência e que está tentando ir na frente para entender o que aquele cliente vai precisar logo mais. A pandemia do coronavírus de uma certa forma acelerou esse processo de uma forma brutal. No Brasil a gente está vendo bons números de indústrias tradicionais, como os da Via Varejo por exemplo, que são super relevantes, que foram impulsionados pela situação. Quando a gente olha para o que está vindo aí ou para o que já está aí, não dá para imaginar uma empresa que não pense em se reinventar. Todos os dias. Através da inovação, pensar em inovação dentro do seu dia a dia. Não ser alguma coisa que vai falar que faz e que na hora que o board pedir um report sobre isso dizer que a inovação está a caminho. Não existe mais isso. A inovação é o dia a dia das empresas, se reinventando, reagindo às situações das mais adversas possíveis. E um grande ingrediente disso e que mostrou quem está sendo vencedor nessa corrida e nesses tempos é a cultura. É a cultura que a empresa tem, como ela consegue incorporar essas mudanças rapidamente, construir coisas novas, mudar a direção, muitas vezes partir do zero, outras dar um bom polimento em alguma coisa que já existe. Eu acho que essa capacidade de se reinventar é que está a fazer a diferença hoje.
Vamos falar um pouquinho de números. O faturamento da Invillia está crescendo nos últimos anos. Em 2018 foi 58 milhões de reais e 88 milhões de reais em 2019. O ano passado aumentou para 150 milhões de reais. Qual o plano para 2021?
O ano passado foi muito bom para a Invillia. Como já conversámos no início, a pandemia acelerou muito isso, acelerou a demanda pelo tipo de serviço que a gente entrega. E esse ano não vai ser diferente. A Invillia espera fechar 2021 com uma receita bruta, considerando a operação global, em torno de 250 milhões de reais.
Pesquisando sobre a companhia, a gente viu matérias falando sobre um possível IPO da Invillia. Existe essa possibilidade? Se sim, aconteceria no Brasil ou em outro país?
Eu acho que esse tema está na mesa de todas as empresas que trabalham no setor da tecnologia e que estão vivendo um crescimento bem acelerado. Existe um momento de mercado excepcional e ativos de tecnologia estão sendo vistos de uma maneira muito diferente. O Brasil principalmente está aprendendo a trabalhar com esse tipo de ativo. A gente está vendo o sucesso da Localweb e de outros IPOs de empresas no Brasil e também fora, como a PagSeguro por exemplo, que foi um IPO maravilhoso. Está a ficar mais comum e próximo de empresas com um tamanho que até há pouco tempo era pequeno para pensar num IPO. E entendemos que com essa taxa de crescimento da Invillia, acabamos sendo elegíveis para o processo e preparamo-nos para isso. Então sim, está no plano. Ainda estamos fechando quando deve acontecer, mas é um plano da companhia.
Em algumas entrevistas também já vimos você falando de desafios do mercado de trabalho para as próximas gerações e ressaltando a preocupação com a saúde mental das pessoas. Gostaríamos que falasse um pouco sobre isso.
Como a gente estava falando sobre as empresas se reinventarem, a Invillia também se reinventou e se reinventa. A empresa de 2021 não tem nada a ver com a empresa de 2019, menos ainda com a de 2017. Mas em 2017 quando começámos a trabalhar nesse modelo distribuído e tendo talentos espalhados por várias cidades, hoje em mais de 150 cidades do mundo, fomos fazendo experimentos e entendendo como é a dinâmica. Como afeta o trabalho em equipe e a performance das pessoas dentro desse contexto. E o que notámos e vimos notando é que o grande desafio é manter as pessoas engajadas no dia a dia de trabalho sem que estejam fisicamente dentro de um espaço. E como você consegue fazer isso? Com cultura, com um envolvimento de muita gente e um suporte. O que mais percebemos nesses tempos é que as pessoas precisam ter válvulas de escape, situações em que possam descomprimir dos momentos de pressão que vivemos por conta da pandemia. E no caso especial, quando tem a pandemia com um trabalho distribuído, se não tomar cuidado e se preocupar com isso, vai ter problemas de performance de seu time. E a gente viu isso acontecer em várias situações, conseguiu sempre ajudar os colaboradores, contou com muitos parceiros interessantes que nos apoiaram também. A Gympass é um deles, uma plataforma sensacional de wellness que usamos muito. Mas é uma constante. O nosso time de People cresceu muito e muito além de olhar a carreira das pessoas. A gente está olhando o ser humano, como as pessoas estão se sentido dentro da companhia. A Invillia tem várias ferramentas que dão bons indicadores e que permitem medir muito isso. Desenvolvemos uma plataforma que se chama Instation. Toda a companhia roda dentro desse ambiente virtual e dali conseguimos ter boas medidas, inclusive para a saúde mental de nossos colaboradores.