Recentemente conversei com algumas pessoas sobre bens virtuais e o que eu ouvi foram respostas positivas como “exótico”, “interessante”, “shut up and take my money” e claro respostas negativas como “meu dinheiro nisso?!”, “pra que serve mesmo?!”.
Se você ainda não sabe do que estamos falando, calma que eu já te falo!
Mas antes vamos entender que nos últimos tempos os hábitos de consumo mudaram drasticamente motivados principalmente pela expansão do comércio eletrônico ou e-commerce. As compras online estão se tornando rapidamente a maneira preferida de adquirir produtos pelos consumidores em todo o mundo. As vantagens são inúmeras e parece que o crescimento dessa tendência é irreversível.
Porém nem tudo são flores, o consumo online não permite que algumas experiências às quais vocês estavam habituados como, por exemplo, poder tocar, apertar, sentir ou experimentar os produtos antes de comprá-los sejam possíveis! Quem nunca pegou aquela coberta fofinha e colocou contra o rosto para sentir a maciez antes de comprar?
Para muitas pessoas, como por exemplo, minha esposa, não poder vivenciar o prazer intrínseco gerado pela experiência do contato, é relativamente frustrante, ela não consegue se sentir plenamente conectada aos itens que quer adquirir, e eu já presenciei algumas vezes em que ela desistiu da compra por este motivo, e claro, assim como ela existe um grupo imenso de consumidores que ainda não conseguiu aderir a essa nova forma de consumo.
Em busca de cativar esses consumidores novas tecnologias têm surgido para preencher o vazio deixado. Um bom exemplo foi o da IKEA, empresa sueca especializada na venda de móveis domésticos. A empresa criou um aplicativo móvel que utiliza a tecnologia de realidade aumentada para possibilitar que os clientes tenham a experiência de poder ver como os móveis irão ficar em sua casa antes mesmo de comprá-los. No aplicativo é possível você mudar o modelo, a cor e, com apenas um clique, ter o móvel físico em poucos dias na sua porta.
Ok, mas até aí tudo bem, quando o produto chegar eu vou poder ter a minha experiência com ele, vou poder “degustar” dele, vou poder tocar, cheirar, apertar e tudo mais que eu quiser fazer com ele e caso eu não goste, eu devolvo!
Certo, e se este produto que você adquiriu só permitisse ser utilizado no mundo virtual? Você ainda o compraria?
A grife de origem italiana Gucci, que já fez peças fashion para jogos como The Sims 4, recentemente, lançou uma linha de tênis totalmente virtual para seus consumidores e personagens de games online. Isso mesmo, são tênis que só podem ser utilizados, ou podemos dizer exibidos no mundo digital: os chamados bens virtuais.
A princípio a ideia de trazer para os clientes a experiência de ter um objeto de luxo da marca por um preço “acessível” pode parecer uma jogada de marketing, porém na minha opinião vai além disso, ela está navegando em uma tendência já preconizadas por filmes e jogos virtuais no passado: Que todos teremos uma vida digital, e que nela poderemos ser diferentes da nossa vida física.
Se para algumas pessoas pode não fazer o menor sentido ter um tênis virtual, para outras faz! Afinal estamos falando de desejo, daquela vontade de possuir um algo que seja só seu e isso é muito particular de cada pessoa.
Vamos mudar um pouco de produto e se ao invés de comprar um tênis para usar em seus vídeos e lives você comprasse uma roupa para seu avatar ou personagem de jogos? O mundo dos games já vende isso há muito tempo, são as skins, e jogos como o League of Legends tem seu maior faturamento advindos dessas vendas.
E agora que estamos neste mundo de home office e reuniões de vídeo conferência você tivesse a oportunidade de montar uma estante ou parede personalizada, no lugar daquele fundo padrão de praia que todos usam, algo que fosse só seu, com quadros, bonecos, vasos, enfeites e qualquer outro objeto que te traga aquela sensação de felicidade, você compraria?
Uma pesquisa publicada em 2019 pelo grupo Gartner, especializado em consultoria e pesquisa na área de tecnologias, estimava que “100 milhões de consumidores fariam suas compras por meio de realidade aumentada até 2020” e quase “46% dos revendedores ofertariam serviços de realidade virtual e aumentada para os seus clientes”.
Hoje podemos afirmar que o impacto que a realidade virtual e aumentada tem gerado nos diversos setores é notável, os números são expressivos e o movimento parece ser irreversível. Um mercado que ganhará mais força nos próximos anos e que evolui a passos rápidos.
Pois é, essa moda dos bens virtuais pode ser que tenha vindo para ficar e tecnologias como a realidade virtual e aumentada, detecção de movimentos, NFT vieram para tornar real esses sonhos.
Por Paulo Silva e Mateus Ignacio, Product Owners na Invillia
Fontes:
- https://www.gartner.com/en/newsroom/press-releases/2019-04-01-gartner-says-100-million-consumers-will-shop-in-augme
- https://www.neowin.net/news/ikea-to-bring-shopping-feature-to-its-ar-app-this-year/