Neste artigo, a gerente de People Ops da Invillia compartilha sua visão sobre a importância da prática constante do feedback. É um conteúdo que busca instigar reflexões como esta: Será que eu estou “roubando” de alguém algumas informações ou percepções que podem lhe ser úteis para o seu crescimento pessoal e profissional? Por fim, são citadas diversas dicas práticas relacionadas a boas práticas de feedback.
“Existe apenas um pecado no mundo: o do roubo”. Livro: O Caçador de Pipas – Khaled Hosseini.
Muito provavelmente, os leitores deste artigo devem considerar o título “Feedback: Por favor não roubem seus colaboradores” extremamente agressivo, inclusive deselegante.
Proponho que tenhamos muita calma e atenção sobre esse assunto, pois para mim, realmente, existem muitos “ladrões” nas organizações. Não do dinheiro das empresas, mas sim das pessoas que com eles trabalham.
A argumentação que tenho sobre essa afirmativa foi baseada no livro “O CAÇADOR DE PIPAS”, de Khaled Hosseini, que tive o enorme prazer de ler e reler. Por isso, permito-me dizer que o livro me foi emprestado, acompanhado do seguinte bilhete:
“Este livro é bom demais para ficar na prateleira”.
Principalmente em razão do bilhete, me encorajei em não deixar “engavetado na prateleira da minha cabeça”. As conexões que consegui fazer durante a leitura deste livro com a realidade das organizações. Também, em relação as atitudes, posturas e comportamentos de muitas pessoas que se intitulam de líderes de pessoas, apenas em função do cargo que exercem.
De todos os prazeres e sensações agradáveis e muitas vezes tristes, que a leitura deste livro me proporcionou, a mais marcante e significativa para mim foi a seguinte: Em conversa com seu filho Amir, Baba afirma que existe apenas um pecado no mundo: o do roubo. Nesse novo pensamento a maximização do propósito, da autonomia e da excelência deve assumir um lugar importante ao lado da maximização dos lucros.
Ele justifica essa afirmação, dizendo:
• Quando você deixa de dizer para alguém alguma coisa que você acredita ser “verdade”, por conseguinte, você está “roubando” o direito dele saber o que você sente a seu respeito;
• Quando você mata alguém, assim, você está “roubando” o direito de outras pessoas conviverem com a pessoa que você matou;
• Quando você “maltrata” alguém, igualmente, você está “roubando” o direito dessa pessoa de ser feliz;
• Quando você mente para alguém, então, você está “roubando” o direito dela conhecer a verdade.
Feedback…DE QUE ROUBO ESTAMOS FALANDO?
Como decorrência dessas assertivas, imediatamente surgiu em minha mente os inúmeros “roubos” praticados nas organizações. Relaciono alguns deles para que os leitores possam examinar se em sua organização eles são praticados:
• Quando você chega atrasado em uma reunião, então, você está “roubando” o tempo das pessoas que chegaram na hora marcada;
• Quando você quer, ou impõem, que seus “colaboradores”, fiquem trabalhando rotineiramente após as 8 horas diárias, assim, você está os “roubando”. “Roubando”, o direito ao lazer, além do prazer que todos temos em desfrutar da companhia da esposa, filhos e amigos;
• Quando você pede urgência na execução de determinada tarefa, e depois não dá a menor importância, então, você está “roubando” o seu colaborador;
• Quando você pensa que alguns de seus subordinados não estão correspondendo as suas expectativas, e nada diz, dessa forma, você está “roubando” a vida profissional deles;
• Quando você fala a respeito das pessoas e não com as pessoas, assim, você está “roubando” a oportunidade deles saberem opinião que você tem a respeito deles;
• Quando você não reconhece os aspectos positivos que todas as pessoas têm, por conseguinte, você está “roubando” a alegria e a satisfação que todos nós precisamos para nos sentirmos valorizados e úteis;
• Quando você não é explícito, claro e específico na definição dos objetivos de seus colaboradores, você está “roubando” o direito dessas pessoas de saberem o que devem e precisam fazer.
Tenho hoje a convicção, – não a verdade – de que realmente:
Só existe um único pecado que qualquer profissional pode cometer no exercício de cargos de liderança. O de NÃO DIZER, DE FORMA EXPLÍCITA, CLARA E DESCRITIVA, COMO PERCEBE E SENTE OS DESEMPENHOS E OS COMPORTAMENTOS DAS PESSOAS COM QUEM TRABALHA.
Todos nós temos um discurso fácil ao afirmar que é imprescindível haver respeito e consideração com todos. Isto, tanto no plano pessoal quanto profissional. Pensar e falar são coisas extremamente fáceis.
O grande desafio está no agir, no fazer, no praticar aquilo que se diz ou pensa como sendo o certo, o correto nas relações entre as pessoas. Não valemos pelo que pensamos, mas sim pelo que realmente fazemos.
Tenho constatado, com base no mundo real, que a grande maioria das pessoas deixa de se manifestar sobre como percebe e sente o comportamento das pessoas com quem convivem. A racionalização por não dizer nada é baseada em um argumento. Este argumento é: “afinal, ninguém é perfeito” e vai acumulando insatisfações, com reflexos inevitáveis nas relações.
Acrescento que o pior tipo de relacionamento que podemos praticar com as pessoas com quem trabalhamos e vivemos é o do silêncio. O silêncio fala por si só. Diz muita coisa, e gera uma relação de paranoia, muita ansiedade e enorme frustração. Dizem que as pessoas admitem boas ou más notícias, detestam surpresas.
Tomo a liberdade de recorrer a um artigo escrito por Eugenio Mussak, na revista VIDA SIMPLES. Ele é enfático ao afirmar que:
Feedback é um a questão de respeito e consideração com a outra pessoa.
Chego a conclusão de que só damos feedback para as pessoas que respeitamos e gostamos. Dar e receber feedback são questões básicas e essenciais para a existência de uma relação saudável, duradoura e, principalmente, respeitosa.
Considero oportuno lembrar, também, que todas as coisas que prestamos atenção tendem a crescer. Se olharmos, tão somente os aspectos negativos de alguém, esses tendem a crescer aos nossos olhos. O inverso também parece ser fatal. Se dirigirmos nossas observações a respeito das questões positivas que todos nós temos, existe a grande possibilidade delas também crescerem.
EM SÍNTESE
Sugiro que você faça um exame de consciência profundo nas diversas relações que você mantém.
Se pergunte com bastante frequência:
Será que eu estou “roubando” de alguém algumas informações ou percepções que podem lhe ser úteis para o seu crescimento pessoal e profissional?
Para não “roubar” é IMPORTANTE relacionar-se com: Conteúdos verdadeiros e significativos; Postura e respeito positivos; Desenvolver um processo de avaliação formativa; Ser imediato à ação; Verificar detalhes do ocorrido e não julgar; Utilizar a regra do SAR: Situação/ Ação / Resultado; Acordar ações posteriores de manutenção ou melhoria.
A FORMA desta relação pode ser com Amor ou Desamor, ou seja:
A = é transmitido com afeto, respeito, construtivamente.
D = é transmitido de maneira indiferente ou agressiva.
O CONTEÚDO pode ser Verdadeiro ou Falso, ou seja:
V = aquilo que é transmitido corresponde ao pensamento e ao sentimento de quem emite o feedback, com base em fatos, exemplos, situações vivenciadas.
F = o conteúdo transmitido não corresponde ao sentimento e pensamento de quem emite o feedback e nem aos fatos ocorridos.
Aqui, seguem algumas dicas de COMO fornecer feedback:
Seja descritivo;
Não use rótulos;
Não exagere;
Não faça julgamentos;
Fale em seu nome próprio;
Preocupe-se em motivar o colaborador e reforce as mudanças desejadas;
Limite o seu feedback ao que você tem certeza;
Ajude as pessoas a ouvir e aceitar elogios, quando fornecer feedback positivo.
Alguns EXEMPLOS práticos:
Espero ter contribuído para sua reflexão sobre a prática de feedbacks! Existe algum feedback sobre este artigo ou experiência sua na prática de feedbacks que queira compartilhar aqui conosco?