Barreiras e Oportunidades da IA na logística do Ecommerce.
Participação Camila Furlan, Latam Ecommerce Director da DHL
A revolução da IA na ~complexa~ logística do ecommerce brasileiro está tirando até os maiores players da sua zona de conforto. Conversamos com a Camila Furlan Almeida, Latam Ecommerce Director da DHL e ela nos entregou o seu “pacote de insights de IA”:
🎤 Drop: Quais as principais barreiras para a adoção em larga escala de soluções de IA na logística?
Camila: Eu dividiria em 3. Primeiro, dados, o que você alimenta dos modelos de IA é o que você vai ter de saída. Segundo, a integração de sistemas. Nosso mercado é complexo, com diversas regras fiscais, o que gera muitas customizações sistêmicas. É preciso foco para definir onde aplicar GenAI para equilibrar a equação impacto-custo benefício-risco. Por fim, mudança cultural. Não só na mentalidade das empresas, mas também nas pessoas. IA não é sobre a ferramenta, mas a aplicação delas.
🎤 Drop: Tem algum exemplo onde as 3 barreiras foram quebradas?
Camila: O DHL fulfilment network é o exemplo perfeito. Imagina o seguinte cenário, você tem multiclientes, multiprodutos, diferentes operações logísticas, um consumidor mais ansioso e acostumado com alguns níveis de serviço. Do outro lado, os produtos ficam em estoques centralizados, aumentando tempo de entrega e cheio de ineficiências.
A partir dessa problemática surgiu o Fullfilment Network, uma solução global que aproxima os estoques do e-commerce dos pontos de consumo. Quem cola as pontas? A IA. Os dados precisaram ser bem tratados, os sistemas integrados e os times se adaptarem.
🎤 Drop: Uma das novas trends no Logistics Trends Radar 7.0 da DHL é a Ética em IA. Quais riscos e oportunidades neste assunto?
Camila: Esse é um dos grandes pontos. Junto com a empolgação, vem também o compromisso das organizações. Dados de consumo, dados pessoais, dados de endereço… A responsabilidade é gigante, por isso, proteção e boa gestão devem ser tratados com ética, governança e segurança. E com o consumidor, vamos entrar em uma nova era da confiança.
Potencializando Negócios com Dados
Participação Murilo Garcia, CDO da Núclea
E quando você tem ao seu dispôr dezenas de bilhões de transações financeiras, quais modelos de negócios podem surgir a partir de uma perspectiva de IA?
Conversamos com Murilo Garcia, CDO da Núclea, referência em soluções de infraestrutura em transações digitais e inteligência de dados para empresas no Brasil. Eles são responsáveis por 100% do registro de boletos e 90% da liquidação de cartões de débito e crédito no país. Em 2023, foram R$18 trilhões em 29 bilhões de transações.
🎤 Drop: Direto ao ponto Murilo, como transformar inteligência artificial em negócios?
Murilo: Transformar inteligência artificial em negócio começa pelo caso de uso, e não pela tecnologia em si. Para se ter uma ideia, 85% dos projetos de AI falham (segundo a McKinsey) e um dos principais motivos é a relevância do problema a ser atacado. Aqui na Núclea, partimos do princípio de só criar produtos com necessidade validada pelo nosso cliente. A partir daí, o mais importante é acompanhar a performance do negócio e não somente do modelo. Se os modelos são consumidos em produção e geram um ROI relevante para nossos clientes então temos um caso de uso de sucesso.
🎤 Drop: Tem algum caso que possa compartilhar?
Murilo: A Núclea passou por um reposicionamento de marca recente, visando também usar nossa expertise para outros mercados além de produtos financeiros regulados (que é nosso core). Já contamos com uma gama de produtos para todo o ciclo de crédito e inteligência de mercado. Um exemplo é o nosso ScoreComportamental: a partir de dados que só nós temos em alta escala, como o comportamento de pagamento de boleto, nós aplicamos machine learning para qualificar melhor a oferta de crédito.
🎤 Drop: E com bilhões de dados transacionados, como organizar um time que não se afogue no “lago de dados”?
Murilo: Nos dividimos em 4 principais estruturas:
– Times de produtos: desenvolvem produtos com um mix de perfis de negócio, ciência e engenharia de dados.
– Plataforma DataLake: habilita times de produtos entregando dados de qualidade no Datalake.
– Plataforma AI/ML: habilita times de produtos criando assets que facilitem o trabalho de ciência de dados.
– Plataforma Produto: habilita times de produtos garantindo que os produtos desenvolvidos cheguem aos clientes finais.
IA Quebra paradigmas de dados na logística
Participação Alexandro Strack, CIO Jadlog
Análises preditivas de demanda, rotas otimizadas, alocação de recursos, essas são soluções corriqueiras com IA no setor de logística bem antes do boom da IA generativa.. O que mudou então? Conversamos com Alexandro Strack, CIO da Jadlog, para captar o insight mais relevante.
🎙️ Drop: Onde a IA generativa muda o jogo na logística?
Strack: São duas quebras de paradigmas importantes aqui. Primeiro, o ganho de produtividade ao permitir uma interação natural, com espaço às perguntas e interpretações do que interessa de fato, e aí obter respostas que antes eram pré-formatadas. Segundo, a IA é muito mais rápida do que os humanos em interpretação de dados. Há uma aceleração gigante ao transformar informações que não eram estruturadas em dados estruturados.
🎙️ Drop: Alguns exemplos de aplicações?
Strack: Por exemplo, analistas de logística interagindo com a IA para demandar alterações ou consultar meios de otimização. Muito se fala em last-mile, mas até lá tem um caminho, muita coisa pode dar errado – e demandar inteligência (isso já é feito na Jadlog). Em estruturação de dados, imagine a foto de um pacote que você recebe, a IA generativa consegue identificar se as imagens têm as informações necessárias e estruturar esses dados.
Também vão surgir aplicações para atendimento, onboarding de novos clientes, etc.. Importante lembrar: o desafio é deixar totalmente livre. IA é estatística, há um perigo em usar em ambientes que não sejam contextos próprios.
🎙️ Drop: As empresas têm sido demandadas velocidade para colocar soluções de IA de pé. Como as equipes de TI estão respondendo?
Strack: Equipes de TI estão começando a olhar de maneira mais aberta ao uso de IA na construção de softwares para ganhar velocidade. O desafio é como fazer de maneira controlada e privada para não perder a capacidade de raciocínio, e muito menos, expor dados sensíveis. Eu não acredito que devs serão substituídos por IA. Dev entende do negócio, algoritmo é só um pedaço do que ele faz.
O driver de IA na Saúde
Participação Guilherme Kato, CTO da Dr. Consulta
Talvez a maior promessa de impacto positivo da revolução da inteligência artificial esteja na área da saúde. Pensando nisso, falamos com um dos maiores especialistas sobre os temas de IA e Saúde, Guilherme Kato, CTO do dr. Consulta:
🎙️ Drop: Qual deve ser o principal driver de IA na área da saúde?
Kato: “O principal driver de Aplicações de AI na saúde para mim é o ganho de eficiência. Nossa área é dependente de um sistema que está ficando insustentável após aumentos sequenciais da inflação médica, uso exagerado dos planos e modelos de pagamento que favorecem o uso. Gerar eficiência para o sistema é tornar os negócios possíveis e aumentar o nível de atendimento e o acesso das pessoas a serviços de qualidade”
🎙️Drop: Pode nos dar exemplos práticos e reais disso?
Kato: “Já existem muitos casos de sucesso, mas vou destacar duas aplicações de IA que fizemos no dr. consulta. A primeira é a ferramenta Skala AI, que entende dados da população e direciona médicos para consultórios alinhados com a demanda por especialidades. O projeto aumentou de 65% para 85% a alocação das agendas dos centros médicos. A segunda é a Skala AI Gente, que foca na gestão de profissionais da saúde e reduziu 20% custo administrativo alocando profissionais gerais”
🎙️ Drop: E daqui para frente, quais as mudanças mais significativas que podemos esperar?
Kato: Vejo que a principal mudança seria a forma como as pessoas interagem com o sistema de saúde. O ideal é tratar de saúde e prevenir a doença. Engajar as pessoas em alta escala nas linhas de cuidado seria impossível sem os agentes de AI, mas um alerta é importante: em saúde, não podemos perder a humanização.
Futuro dos Pagamentos na Era da IA
Participação Renan Oliveira, Chief AI Officer da PicPay
“Ter um CAIO vai ser tão normal quanto uma empresa ter CTO.” E a lógica por trás, quem nos conta é o Renan Oliveira, Chief AI Officer – vulgo CAIO – no PicPay. Além disso, ele deixou seus Insights de IA para o futuro e presente dos pagamentos, junto ao case PicPay:
🎤 Drop: Qual a missão de um Chief AI Officer (CAIO)?
Renan: O papel surgiu por um simples, mas não fácil, motivo: olhar AI como core e não como um acessório. A maioria das empresas querem a IA como cereja do bolo, mas ainda não entenderam que ela é a massa. Nós temos tech, engenharia, produto e, na disciplina de IA, vamos dar a relevância estratégica que ela tem – e vai ter!
🎤 Drop: Qual o futuro – e presente – dos meios de pagamentos na era da IA?
Renan: Primeiro, o que eu acho que a IA faz brilhantemente bem: tira barreiras e dá acesso. Agora, vou tangibilizar o porque isto é importante para o futuro. Imagine uma pessoa que não foi ensinada a lidar com as suas finanças, muito menos consegue contratar alguém. Agora, ela pode ter um conselheiro de finanças, de graça, na palma da mão. Dado que a genAI tornou isto acessível no presente, o que eu acredito que vai diferenciar o futuro: personalização, facilidade e, principalmente, a experiência da pessoa.
🎤 Drop: Consegue compartilhar casos de uso no PicPay para os Droppers?
Renan: Acumulamos diversos cases desde o ‘salto de fé’ que demos em 2022, até nos tornarmos uma companhia FinAI. A gente já trabalhava com IA antes, mas a genAI pulverizou os ganhos:
- O uso de GenAI no atendimento do PicPay impulsionou o NPS em 45 pontos, e fez as interações com os clientes mais objetivas, ágeis e claras.
- O Pix via Whatsapp. Esse é um exemplo que na minha vida pessoal mudou tudo. Antes até abrir o app e achar QR Code demorava, agora, tiro uma foto no Whats, sem fricção abre o app para confirmar e tá feito.
- E usamos IA em várias camadas de segurança, como previsão de comportamentos estranhos, o que é super importante para a gente, afinal, eu tenho que dar confiança para a pessoa usar o PicPay.
No geral, em cada iniciativa, buscamos oferecer uma experiência intuitiva e personalizada para o usuário, entendendo suas necessidades, antecipando soluções e simplificando processos. Com isso, melhoramos a experiência do usuário e, ao mesmo tempo, movemos o ponteiro do negócio de forma estratégica.
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